SELOS DE COPA DO MUNDO

Já que é época de Copa do Mundo, a compra dos selos deste mês tem este tema.

Primeiro um do Uruguai, relativo ao mundial de 1986 no México.

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A série editada pela Argélia para a copa de 2002 no Japão / Coreia do Sul.

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Para a Copa de 2014 no Brasil eu encomendei dois. Uma série da República Turca do Chipre do Norte, que também são meus primeiros deste território conturbado do Mediterrâneo.

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E um bloco muito bonito mas caro da Holanda.

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MONTEVIDÉU

Eu cresci ouvindo que o Brasil era o país do futuro, hoje parece ser o país do presente mas o Uruguai é o país do passado! O Uruguai é uma máquina do tempo, mas lembre-se, só leva ao passado, nunca ao futuro. Isso é bom? Não sei, mas é diferente.

A última vez que estive em Montevidéu, a capital do país, foi em 2009. Então são apenas três anos que separa aquela, desta nova visita. O que posso afirmar é que cidade continua muito, muito tranquila para nosso padrão brasileiro, caminha-se a noite pelas “calles” sem preocupação com assaltos. Isto faz muita diferença na hora de viajar. Pronto. Ponto.

Mas este clima nostálgico não parece ser só uma questão de estilo mas sim uma falta de recursos mesmo. Vamos aos fatos então. O Estádio Centenário precisa urgente de uma repaginada, é o principal palco do futebol Uruguaio, em seu entorno está tudo sujo e mal cuidado. E isto vai se tornar uma constante na minha visita pela cidade.

Na Rua Emílio Reus, uma espécie de Travessa dos Venezianos, tudo bonitinho, assim mesmo “inho”, falta charme para poder se tornar um ponto turístico de verdade. Ali no entorno um comércio popular gigante que lembra o da Rua Voluntários da Pátria ali perto do Mercado Público, só que com plátanos, muitos plátanos.

Os ônibus, na sua maioria, velhos mas eficientes, vão por toda a cidade e são baratos, dá para fazer vários passeios usando-os como deslocamento, as vezes faz-se verdadeiros city-tours.

Outro ponto importante, andando pela Avenida 18 de Julho, a principal avenida da cidade e, por consequência, de todo o país, está imunda. Realmente fiquei impressionado com o desleixo e o pior é que ninguém parece se importar. Buracos e cocô de cachorro por todos os lados. Porto Alegre é um brinco de limpeza!

Na feira dominical de Tristan Y Narvaja vende-se de tudo, frutas, livros, roupas, antiguidades e animais (acho que não há um IBAMA por lá).

É impressionante como pode uma estação de trem como a Artigas estar abandonada, cheia de lixo. Um predio de valor arquitetonico único. Logo adiante a Torre Antel. Quanta diferenca! Já o Palácio Salvo Nao está iluminado a noite. Simplesmente o prédio ícone da cidade, um dos marcos da arquitetura sul americana, nào fica iluminado durante a noite. Que decepçao! A comida não é barata, come-se melhor e por menos em Porto Alegre. Em Montevidéu o almoço não saía por menos de R$ 22,00.

Estação Artigas e Torre Antel

Palácio Salvo

Tem algumas coisas que realmente me deixaram muito contente na capital dos uruguaios, o cuidado com seus monumentos e fontes. Os principais monumentos estão limpos ou em reforma (Artigas na Plaza Independencia) e as fontes jorrando água a vontade, no Parque Rodó dá gosto de ver e as caminhada pelas Ramblas, apreciando a baita orla que les têm, está aí uma coisa que Porto Alegre precisa aprender a preservar para não tornar a cidade mais sem graça, sem vida, sem atrativos. (LEIAM)

Monumento ao Papa João Paulo II

3 CARAS, 2 DESTINOS

Protagonistas: Francisco Spiandorello, Gilmar Mattos e Rodrigo Figueiredo.

Direção: quem os levassem

Roteiro: 3 carinhas que não querem ficar em Porto Alegre resolvem fazer uma pequena aventura. A data escolhida foi o feriadão do dia 12 de outubro de 2004 (Dia de Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil). Será que chegam a Montevidéu? E Buenos Aires, é possível?

Antes de saírem do Brasil, Chico, Gilmar e Rodrigo, resolveram traçar todos os planos e estratégias. Como fazer para alcançar os objetivos. O local escolhido para o encontro foi o pub irlandês Shamrock. Entre Guiness, Snake bites e Chicken dippers as coisas começaram a ficar mais claras.

O Primeiro destino foi Pelotas. Saída as 20 horas da rodoviária de Porto Alegre. Chegada as 23 horas. A viagem neste trecho foi tranqüila. Sem maiores problemas. O Jefferson e a Gigi já estavam nos esperando na rodoviária. Nesta cidade a primeira parada bizarra. Um jantar numa galeteria. Não uma qualquer. Para entrarmos no restaurante, obrigatoriamente temos que passar pela cozinha. Polentas sendo feitas, carne assada. O dono do estabelecimento canta, grita, faz piada. Divertidíssimo.

Após algumas horas de sono, o Jefferson e a Gigi pegam o carro. Nossa primeira carona. Vamos começar a descer, rumo ao sul do estado. Antes, é claro, uma barreira da polícia. Porque já não começar bem o dia? Depois da revista dos nossos amigos policiais pegamos a estrada até o primeiro pedágio onde, nos despedimos de nossos anfitriões pelotenses. A partir de agora dependemos exclusivamente de nossos dedões.

O que pareceria ser algo muito difícil logo se revela o oposto. Parado no pedágio um senhor caminhoneiro sexagenário é interceptado pelo Rodrigo, após meia dúzia de palavras estamos todos dentro do caminhão indo em direção a cidade portuária de Rio Grande. Nosso motorista é um fumante, seu copo de café balança em frente a nós no painel do caminhão. Vidros quebrados, carroceria forrada com papelões. Um silêncio de quase uma hora quebrado apenas por pequenas conversas paralelas.

Deixados na estrada, voltamos a pedir carona. Sem muita demora um carro para e nos oferece carona até a cidade de Santa Vitória do Palmar. Viagem tranqüila e confortável até lá. Passamos pela belíssima reserva do Taim. Sempre quis conhecer. Com as dicas de nosso motorista particular, pegamos um ônibus até a cidade do Chui, a cidade mais ao sul do Brasil. Na fronteira com o Uruguai tudo é muito diferente. Incrível, num atravessar de rua e estamos noutro país, diferente língua, moeda. As ruas sujas, os carros velhos, a mistura das línguas.

O Chuy uruguaio tem os famosos free shops e muitos turistas vêm aqui fazer compras. Nós só queríamos ir pra Montevidéu. Depois de algum tempo na aduana tentando carona sem sucesso resolvemos pegar um ônibus até a capital federal. Aí descobrimos mais uma diferença, o horário. Droga. Eles estão uma hora a mais que Porto Alegre (foi na época da mudança do horário de verão). Tivemos uma longa espera até o próximo ônibus.

Neste trecho da viagem que vai do Chuy até Montevidéu o mais “sortudo” foi o Chico. Numa viagem que de carro não leva mais que duas horas e meia, de ônibus são mais de cinco e umas 15 paradas. Cansativo. Ainda mais com um bêbado chato e fedido ao lado.

As 23 horas estávamos em Montevidéu. Cidade impressionante. Tudo iluminado, as pessoas caminhando na rua. Pegamos um ônibus lotado até a Plaza Independência. Uma imponente estátua do General Artigas toma conta da praça. Arrepiante. Fomos procurar um albergue ou hotel. Isso foi de doer as canelas. Caminhamos com nossas mochilas por algum tempo até conseguir vaga num hotelzinho “simpático” chamado Hotel Libertad, na calle Maldonado, 980. Depois do banho, festa. As ruas Bartolomeu Mitre e Sarandi com seus bolichos e pubs são a melhor dica. Ficamos como os nativos indo de lugar em lugar até a hora de nos separarmos e cada um ir pra sua festa. Muita cumbia. Um ritmo muito característico daquela região.

 

Rambla de Montevidéu

Rambla de Montevidéu

Depois de uma dormida, Chico e eu encontramos o primeiro de alguns bilhetes: “Gilmar e Chico, estou em um hotel com uma argentina na 18 de Julio, chegarei as 11h aqui, sem falta. Desculpem os imprevistos. Desde já agradeço, Rodrigo (7h)”. fomos caminhar e conhecer um pouco da cidade. Praças, Catedral, Mercado Del Puerto onde comemos uma parrillada acompanhado de “médio y médio” (meio espumante, meio vinho) ao som do candomblé. Depois do almoço fomos nos informar sobre como ir pra Buenos Aires, a capital da Argentina, do outro lado do Rio da Prata. Optamos por ferryboat que leva 3 horas de navegação pelas águas relativamente calmas. Inesquecível. A chegada no porto da capital Argentina é de encher os olhos de tanta beleza. Tínhamos a indicação de um albergue no tradicional bairro de San Telmo. Para chegar até lá era preciso apenas pegar o ônibus linha 126. Simples assim. Detalhe, para se pagar o ônibus é preciso moedas. Ninguém nos avisou disso antes. Embora tivéssemos como pagar, não tínhamos moeda. Expulsos do ônibus pegamos um táxi. Grande descoberta, os táxis em Buenos Aires são muito baratos. E se tu pegar um taxista que adora Queen então. O divertimento sai de graça. Cena de filme de Almodóvar. Motorista de uns 55 anos, fã de Queen, ouvindo sua banda favorita e cantando enquanto nos leva ao nosso destino (Rua Carlos Calvo com Peru). Comenta que foi ao show deles no Brasil no início da década de 80.

 

Ferry boat

Ferry boat

O “El Hostel de San Telmo é simples mas muito acolhedor. Os proprietários nos deixam muito a vontade. Nos explicam tudo sobre a noite portenha. E aí mais uma vez, depois da janta, separados fomos conhecer o que há de agito na noite. Eu e o Chico iniciamos nossa jornada no pub La Cigale onde garçonete com uma camiseta escrita “Luxury” veio nos atender. Bebemos um pouco e pedimos uma dicas pra outros lugares. De lá fomos para o “El Living”, embora não estivesse lotado, o lugar é muito legal, um espaço com telão onde vários vídeos ficam passando, noutro uma pista com som eletrônico. Pra se ter uma idéia é um misto de Ocidente, antigo Elo e Cabaret Voltaire. Isso mesmo.

Para acabar a noite fomos ao Pacha (grande dica de nuestro amigo “Hermano”). Não há como negar. Melhor lugar que já fui pra dançar. Som excelente, gente bonita. Vibrante. Lotadaço. O lugar é perto do aeroporto, ao amanhecer alguns aviões passam bem pertinho. A vista do Rio da Prata também é inesquecível dali. Bom mas já era hora de ir pro albergue dormir um pouco. Afinal 9 horas da manhã está de bom tamanho pra se acabar a noitada.

Após umas poucas horas de sono já estamos prontos pra caminhada. Destino foi o bairro da Recoleta onde visitamos um Shopping de Design, a feira com suas bancas de artesanato e artistas de rua. Fomos ao Hard Rock Café. Depois demos uma boa caminhada pela Avenida Del Libertador até a Praça San Martin onde vimos um memorial aos soldados mortos na Guerra das Malvinas. Estava anoitecendo quando chegamos em frente a Casa Rosada e a Plaza de Mayo. A noite foi reservada pra mais uma saída. Em frente a Plaza Dorrego paramos em um pub com figuras bizarras na porta. No interior, um boneco suspenso, quadros com Marylin Monroe, Gardel, entre outros. Depois, de ônibus fomos para o bairro de Palermo. Na Plaza Cortazar. Embora não estivesse cheia, parecia um lugar muito legal. Ficamos em um pub, bebendo, conversando, cuidando o movimento.

Terça-feira, hora de preparar a volta pra Porto Alegre. Como tínhamos a passagem de ferry comprada pra voltar a Montevidéu marcada paras as 15 horas, resolvemos ligar pra empresa de ônibus que faz MVD / PoA. O que deveria ser tranqüilo transformou-se numa correria. Não havia mais lugares. O que fazer? Como voltar? E agora? Eu, desespero em pessoa, não conseguia esconder a aflição. O Chico, mais calmo, tentando pensar em outras soluções. O Rodrigo, bom o Rodrigo nem sabia o que se passava.

Pra relaxar um pouco o Chico e eu resolvemos parar no Pélvis Café-Bar. Vale a pena dar uma passadinha pra conhecer. As barwomen atendem só de calcinha e sutian. E ao chegar recebemos um beijinho no rosto. Bom, hora de voltar a realidade. Ainda não tínhamos idéia de como voltar ao Brasil. De volta ao albergue pegamos nossas coisas e deixamos um recado pro desaparecido Rodrigo: “Rodrigo, já pagamos para ti o albergue. Agora estamos indo para o centro dar uma última volta. Estaremos aqui 13h30 para pegarmos nossas bagagens. Deixamos para ti na recepçãoo teu dinheiro e tua passagem do ferry”.

Quando aparecemos para pegar nossas bagagem, um bilhete resposta do Rodrigo: “Fui para o centro con la chica. Estarei no ferry as 15h. Estou com as minhas bagagens. Abraço”.

As 15 horas estávamos os 3 reunidos novamente no ferry, voltando a Montevidéu. Tentamos o possível pra conseguir vaga nos ônibus que estavam partindo pro Brasil mas não conseguimos. Partimos então pro aeroporto Carrasco. Lá compramos nossa passagem de volta pro Brasil. Esta seria a primeira viagem de avião do Chico. Era 22 horas. O vôo as 8 horas da manhã. E o tédio já começa a bater. O que fazer todo este tempo. Aquele três mochileiros ali no saguão do pequeno aeroporto uruguaio. Era 1 hora da manhã quando o Chico e o Rodrigo resolveram sair. Eu não quis arriscar e fiquei “dormindo no aeroporto”. Como fiquei ali. Cuidei da bagagem de todos (o aeroporto não tem guarda-volumes). As 7 da manhã chega o Chico. Estamos quase prontos pra embarcar mas ainda falta um.

Que desespero. Ouço meu nome sendo chamado pra sala de embarque, estão só nos esperando pra sair. Eu e o Chico pegamos todas as bagagens e embarcamos. Detalhe importante, além da bagagem, a passagem e o visto do Rodrigo estavam com a gente. Tentamos deixar com o pessoal do aeroporto mas foi impossível. Na chegada ao Salgado Filho, na imigração, nossas bagagens passaram pelo raio-x e um gurda pegunta o que tem dentro da mala, especificamente a do Rodrigo, como poderíamos dizer “não sei” ou “essa mala não é minha”? O jeito foi puxar da memória a garrafa de “médio y médio” comprada por ele, mas o guarda responde que não é a bebida uruguaia e sim um doce de leite que ele vai confiscando. 24 horas depois chegava o Rodrigo, cansado, sujo, apenas com a roupa do corpo.

Não pode haver viagem sem imprevistos. Este foi mais um exemplo disso. Grande aprendizado. Querendo mais detalhes sobre a viagem é só perguntar a um de nós três. Importante: detalhes sórdidos foram omitidos para preservar a integridade dos três participantes.